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Como ocorrido no espetáculo anterior apresentado pela Cia do Abração, o recurso ao metateatro foi novamente explorado em Estórias Brincantes de muitas Mainhas. Mas dessa vez, também em função do espaço utilizado – o Teatro Municipal – os recursos metateatrais produziram agora um resultado mais consistente, se comparado ao anterior. O acabamento e detalhamento do espetáculo é perceptivelmente mais cuidado. Nesse caso, três idosos ukranianos refletem sobre suas mães. Mas a maneira como o tema se desenvolve faz com que ele se transforme em uma metáfora que toca em aspectos como o meio-ambiente e a importância da preservação ecológica. A articulação dos elementos cênicos é interessante, e revela um bom nível de precisão. A música, a iluminação, a cenografia, os adereços e as danças compõem uma unidade dinâmica que prende a atenção do público infantil. A utilização dos objetos é bem explorada e a trama é tecida através de saltos ficcionais que se apóiam no universo de cada personagem. A opção pelo desenvolvimento de uma narrativa permeada por esses saltos, que geram por sua vez uma trajetória não-linear, poderia ser questionada, uma vez que trata-se aqui de um espetáculo de teatro infantil. No entanto, a execução de tal opção faz com que a trama se mantenha plenamente acessível. Além disso, tais saltos ficcionais são importantes, pois exploram associações que podem enriquecer o imaginário infantil e seus processos cognitivos. Somente a transição para a cena da sereia, um pouco brusca, talvez pudesse ser mais detalhada. De qualquer forma, a opção dramatúrgica feita nesse caso demonstra que um espetáculo dirigido para o público infantil pode ser criativo sem ser hermético, pode ser inteligente e ao mesmo tempo acessível, fato esse que reforça e amplia seu caráter formativo em vários níveis.
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